Hoje acordei empolgada e louca para escrever um texto com um assunto bem interessante. Fui para o trabalho pensando em milhares de assuntos, fiz tudo o que tinha para fazer e as idéias aqui 'pipocando'...
Enfim, tive um tempo e parei para escrever algo.
Cadê? As idéias evaporaram como fumaça. Meia hora, uma hora, duas horas... E nada!
Isso me irritou e desisti. Acabei de almoçar, sentei ao ar livre com meu caderno e uma caneta na mão, e em meio a cigarros e batidinhas desarranjadas da caneta entre os dedos batendo no caderno, me deparei com mensagens lindas a minha frente.
Um casal de idosos passava na minha frente de mãos dadas, conversando, porém, atentos ao caminhar, um ajudando o outro, calmamente. Enquanto eles passavam, reparei que o senhor que parecia quase nada mais novo que sua companheira, segurava sua bolsa e a escutava atentamente de cabeça baixa para não perder o equilíbrio.
Logo atrás, vinha uma mulher uma carta aberta na mão e chorando mágoas ao telefone. Ela gritava e dizia "Você não podia ter feito isso comigo. Sem chance Victor, agora acabou".
Extremos. Fui do tranquilo ao histérico.
Um casal aparentemente da minha idade, com ótima aparência, brigavam a uma gravidez inesperada. Nada estranho vindo de jovens adultos desse louco século em que nos encontramos.
O sinal fecha e é hora deles. Um mímico de sinal e três criancinhas magras e sujas com nariz de palhaço faziam graça e brincavam com todos alí nos seus 30 segundos debaixo de um sol escaldante para conseguir qualquer trocado que uma alma caridosa resolva dar.
Para começar, isso não é caridade, isso é "pena", e pena não é bom nem para quem sente nem para quem recebe. É de cortar o coração.
Toda vez em que aquele sinal abria, eles iam tentar fazer as pessoas rirem, coisa que não faziam por si só, pois a vida dura que os aguardava após o sinal fechar, não permitia. Não permitia um sorriso sincero a uma criança.
Meus olhos enchem de lágrimas de lembrar essas crianças passando por isso bem na minha frente e de imaginar que futuros elas podem ter. São coisas que vemos em TODOS os sinais.
Saí dalí arrasada e feliz ao mesmo tempo. Satisfeita e amargurada.
Eu tenho tanta saúde, tenho potencial e sorte de poder seguir um caminho.
Tenho família e amigos que me apóiam em tudo. Tenho com quem contar quando eu preciso e se eu posso ajudar, então, porque não fazer?
Eu tenho motivos de sobra para imaginar e ter um futuro bom.
Eu quero e posso ter estabilidade para me alegrar com uma gravidez sem pensar que uma criança inocente vai arruinar minha e que eu não vou dar conta da vida do meu filho. Eu posso dar estudos e o criar dignamente.
Não preciso perder meu tempo cultivando um ódio por alguém que me fez algum mal. Sentimentos ruins atraem coisas ruins. Perdoar é a parte divina de um ser humano.
Quero manter minha alegria pessoal, com aminha família e amigos para poder ser forte o bastante para ajudar a quem precisa mais que eu.
Quero poder caminhar tranquilamente com companheiro eterno carregando a paz de saber que fui útil nesse mundo.
Observe mais ao seu redor e vai ver que não tem motivos para se deprimir. Dê a mão!