3 de janeiro de 2011

Agulha, fagulha.

Olho meu reflexo no retrovisor, o rímel borrado de quem acabou de se maquiar as pressas, retoco o batom nude, coloco meu salto agulha para descer do carro, pego atrás minha bolsa enorme e pesada, uso meu toque para saber a carteira está na bolsa, desprendo dos brincos grandes os fios de cabelo, me recomponho no vidro do carro estacionado e entro no meu momento de glamour árduo.
As pernas torneadas com o salto ficam bambas com o peso dos objetos da bolsa e com o jeito "enrolado" que está na alma. A jogada de cabelo faz o perfume doce exalar e completa todo o charme.
Piadinhas ignoradas a parte, ainda da tempo de dar um "bom dia amor" em meio a correria.
Com cantada chula de qualquer um, com olhar malicioso, preconceito cheio de conceito errado e fútil, ignoro com uma delicadeza brutal e continuo impecável.
É agora, quando preciso de ar e um cigarro, please!
Chego em casa com os pés doloridos e inchados. Dou carinho para o filhote e como qualquer coisa com os pés para o alto. Paro, penso, não tem nenhuma amargura no meu coração, estou sem tempo para pensar em demais fatos ou coisas do tipo... Estou muito ocupada pensando em mim.
Banho, roupa e cama?
Não, academia, afinal, o salto não torneia minhas pernas sozinho.