15 de junho de 2011

"Ao chão, um barzinho e violão"

O chão gelado era a escolha do dia.
A falta do que fazer era sempre a preferida apesar de estar sempre ocupada. Ali, no chão. Eram elas, eles, amadas, geladas, cantadas, madrugadas, manhãs e ressacas. E tudo de novo.
Eram as mais belas histórias, os mais sinceros conselhos, as mais sentidas lágrimas, as mais doces risadas. Eram as melhores piadas, os mais perigosos venenos. A amizade mais pura e o amor mais belo. Foram as melhores histórias e maiores lições.
Éramos todos nós a sós, sem precisar explicar o porquê ou sem motivos de pra quê.
Era sol e chuva, casamento de viúva. Folhas secas, festas "regadas". Lixo e luxo. A flor do lixo.
Grito solto, verdade escrachada, mentiras omitidas e publicamente cuspidas.
A dança,  violão, o álcool, no chão, gelada na mão.
Éramos nós, sem dar explicações, sem ligar para os demais, sem querer companhias a mais.
Tudo aquilo bastava dia após dia sem mais nem menos ou lugar escolhido. Apenas o chão frio.
Me abasteci às sete da manhã e só fui dormir após o grito do galo. E gritei contra o galo.
E tudo de novo.
Hoje me resta a dor de reviver a base de flashbacks diários de bons tempos jamais esquecidos. Querendo estar, querendo contar, querendo rir e até chorar, querendo cantar e ao mesmo tempo dançar, voltando a ser criança e crescendo devagar, querendo brigar, falar, ouvir e pensar. Querendo ser junto e crescer.
Reviver e viver no chão, um barzinho e violão.

E os versos e nos evita o medo.
"...Diz que deu, diz que dá, diz que Deus dará. Não vou duvidar, oh nega. E se Deus não dar? Como é que vai ficar, oh, nega? "à Deus dará" , "à Deus dará".
E é assim que tem que ser, o coração pede e “Deus dará”..."

Na Viola: Cássia Eller – Partido alto.